sábado, 25 de julho de 2009

64 - PROCURANDO ÔNIBUS NO PALHEIRO




           Saguões de aeroportos e terminais rodoviários testemunham mais gente correndo que pistas de treinamento de velocistas. É impressionante o número de viajantes que chegam atrasados para o embarque.

       Minha querida avó materna Maria Amélia arrumava e fechava as malas uma semana antes da viagem para Várzea Alegre. Não bastasse, mesmo morando a poucos quarteirões de distância, ia para o terminal rodoviário de Fortaleza no mínimo três horas antes da partida do ônibus. Aos críticos de sua exagerada pontualidade, sempre respondia:

          - Você espera pelo ônibus, mas o ônibus não espera por você.

          Já Leônidas Siebra Leite, proprietário da cinqüentenária Casa Zé Augusto, há vários anos agencia em Várzea Alegre a venda de passagens para empresa Itapemirim. Alberto, como popularmente conhecido, por diversas vezes recebeu passageiros reclamando do horário da saída do coletivo para São Paulo.

          Numa dessas oportunidades, um conterrâneo residente na capital paulista, em férias pela Terra dos Contrastes, chegou bastante atrasado e não conseguiu apanhar o ônibus. Aborrecido, o varzealegrense com irreconhecível sotaque, reclamou com o agente:

           - meu, perdi o busão, ele se mandou muito cedo.

          O comerciante Alberto, com sua aguçada e desconcertante espirituosidade, remedando o sotaque do retardado passageiro, retrucou:

        - Qual é, cara? Perde um ônibus daquele tamanho, já pensou se fosse uma agulha?


(imagem Google)

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