sábado, 24 de dezembro de 2011

514 - VIDEOCHAMADA




A  atual e moderna telefonia permite a conexão de duas pessoas usando recursos de áudio e vídeo. Significa dizer que hoje não basta ouvir,  também é possível ver com quem se fala, independente da distância entre os  interlocutores. 

Mas em Várzea Alegre, sertão cearense, essa novidade teconológica parecia existir desde a  segunda metade do século passado. 

Meu tio Antônio Ulisses contava que certa manhã da década de oitenta ligou para o escritório do primo Hélio Costa, no momento em que este competente engenheiro, com outros técnicos, examinava a planta de uma obra e realizava cálculos estruturais. O desligado doutor Hélio retirou  o velho aparelho do gancho e o encostou no ouvido. 

Percebendo que alguém atendera o telefonema, o corretor de algodão Antônio Ulisses, do outro lado na linha, perguntou:

- Dotô Hélio tá poraí ?

O capaz e dispersivo engenheiro, em vez falar, apenas confirmou gesticulando, mexendo a cabeça para cima e para baixo. 

Sem ouvir nada, Antônio Ulisses continuou:

- Dotô Hélio ocupado ? 

 Ainda com o pesado telefone no ouvido, sem abrir a boca, o desatento engenheiro, como se já naquela época existisse a videochamada, apenas com gestos, respondeu ao primo Antônio Ulisses girando a cabeça para os lados.


(imagem Google)

3 comentários:

  1. lembro bem o meu pai contando essa história lá no " beco" em Várzea Alegre-ce.Parabenizo Flavinho pela habilidade literária de escrever seus contos,principalmente quando se trata de uma história que geralmente é contada através de gestos e ele repassa para o leitor,onde este compreende perfeitamente a mensagem.

    valeu Flavim, vc é 10 !



    abração do primo ,


    Antônio costa

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  2. Infelizmente não tive a oportunidade de conhecer essas ilustres pessoas de Varzea Alegre. Imagino que esta situação deve ter sido bastante cômica.

    Letícia de OLiveira

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  3. Fico a imaginar a cena e percebo que muitas vezes agimos assim. São ótimas as histórias de Antonio Ulisses.

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