sábado, 3 de março de 2012

564 - DESPEDIDA DO INATIVO




No início da década de noventa, eu trabalhava em uma pequena cidade quando um colega completou a idade para a merecida aposentadoria. Eu e outro amigo decidimos realizar uma festa de despedida para o honrado homem que passaria à inatividade. Sua face enrugada, seus poucos cabelos, todo seu corpo sofrido trazia a marca de décadas de intenso trabalho.

A reunião festiva transcorreu em um restaurante local com muita alegria e com a participação de seletos convidados. Algumas moças compareceram ao evento, e, uma delas, de apelido Babalu, chamou a nossa atenção pela graça e beleza. Desde o começo da noite eu e o colega mais jovem passamos a cortejar e disputar a bela garota. Uma hora ela dançava comigo, outra hora com o outro organizador da festa.

O velho homenageado não se interessou por nenhuma das mulheres presentes, cuidando apenas em receber os cumprimentos e distribuir simpatia a todos.  

Já na madrugada, a maioria dos convidados bateu em retirada. Restamos, apenas, eu, o outro colega patrocinador do encontro festivo, o homenageado e a dengosa Babalu. Como estávamos apenas em um carro, eu combinei com o amigo mais jovem:

- Vamo levar  primeiro o véi em casa. Depois a gente disputa quem fica com Babalu.

Ao chegar em frente à sua residência, o experiente colega, depois de cochilar bastante no trajeto, emocionado, agradeceu pela homenagem e se despediu. Contudo, antes de deixar o veículo, segurou o braço da faceira moça e disse:

- A jovem fica comigo.

A garota não hesitou, desceu de mãos dadas com o homenageado da noite e nem olhou para trás. Ela nem viu a cara de desapontamento dos dois bobos que desmereceram o velho concorrente.


(imagem Google)

2 comentários:

  1. Mas esse inativo ainda estava bem ativo hem!!!!!!!!! Muito bom!

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    1. Verdade, Assis, Tanto que passou a perna em dois bem mais jovens. Abraços.

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