Na década
de oitenta, no sertão cearense, um modesto e bem intencionado lavrador mandou o
filho estudar na cidade. No entanto, em vez de se dedicar aos livros e buscar
novos horizontes profissionais, o jovem se viciou no baralho. Em pouco
tempo acumulou várias dívidas nas casas de jogos.
Ao
saber do inesperado desvio de rumo, o velho agricultor foi à cidade e trouxe o filho de volta para o
sítio. Para quitar as várias contas trazidas das mesas de jogo, o jovem passou
a trabalhar intensamente na preparação das terras secas para o plantio da próxima estação chuvosa.
Passados
alguns dias do retorno, certa tarde, o rapaz arrancava tocos em uma roça com o
pai e outros trabalhadores rurais. Em determinado instante, sofrendo com o ardente sol de setembro, o jovem interrompeu a árdua tarefa, descansou os braços sobre o cabo da chibanca*, olhou para
o céu azul e disse:
- Oh meu Deus, quem terá sido o infeliz
que inventou a roça?
O
velho agricultor parou os golpes de
enxada, tomou um gole de água da cabaça, enxugou o suor do rosto com a manga da
camisa e respondeu:
-
Meu fii, quem inventou a roça foi um
bicho chamado barai...
* Antiga ferramenta para cavar buracos, parecida com a pá de corte, porém mais curta e mais estreita, também parecendo-se com a lâmina de uma picareta com um cabo reto na vertical com a pá.
Colaboração: Antônio Alves da Costa Neto
(imagem Google)
Ótima!!!
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