segunda-feira, 5 de março de 2012

566 - DÍVIDA DE JOGO




Na década de oitenta, no sertão cearense, um modesto e bem intencionado lavrador mandou o filho estudar na cidade. No entanto, em vez de se dedicar aos livros e buscar novos horizontes profissionais, o jovem se viciou no baralho. Em pouco tempo acumulou várias dívidas nas casas de jogos.

Ao saber do inesperado desvio de rumo, o velho agricultor foi à cidade e trouxe o filho de volta para o sítio. Para quitar as várias contas trazidas das mesas de jogo, o jovem passou a trabalhar intensamente na preparação das terras secas para o plantio da próxima estação chuvosa.

Passados alguns dias do retorno, certa tarde, o rapaz arrancava tocos em uma roça com o pai e outros trabalhadores rurais. Em determinado instante, sofrendo com o ardente sol de setembro, o jovem interrompeu a árdua tarefa, descansou os braços sobre o cabo da chibanca*, olhou para o céu azul e disse:

- Oh meu Deus, quem terá sido o infeliz que inventou a roça?

O velho agricultor  parou os golpes de enxada, tomou um gole de água da cabaça, enxugou o suor do rosto com a manga da camisa e respondeu:

- Meu fii, quem inventou a roça foi um bicho chamado barai...


Antiga ferramenta para cavar buracos, parecida com a pá de corte, porém mais curta e mais estreita, também parecendo-se com a lâmina de uma picareta com um cabo reto na vertical com a pá.

Colaboração:  Antônio Alves da Costa Neto

(imagem Google)

Um comentário: