A chegada da energia elétrica permitiu o surgimento de novas iniciativas de negócios nos mais diversos cantos do país. No início da década
de oitenta finalmente foi inaugurada a eletrificação da Vazante, pequena comunidade rural de Várzea Alegre, que à época contava
com cerca de dez moradias.
Para completar a renda, a agricultora Maria Alves de
Morais, conhecida como Maria Beca,
antiga moradora do sítio Vazante,
resolveu iniciar um novo empreendimento, só possível com a chegada da ansiada
energia de Paulo Afonso*. A velha
senhora produziu para a venda uma grande quantidade de dindin** de manga, tamarindo, cajá, goiaba e outros sabores,
lotando o congelador de seu recém-adquirido eletrodoméstico.
Os meninos Carlos Roberto Almeida (Beto) e Carlos Antônio insistiram, mas não conseguiram provar os dindins da avó Maria Beca. A empreendedora vigiava pessoalmente o negócio e argumentava
que aqueles produtos destinavam-se apenas para a venda, pois precisava pagar a
prestação da geladeira na loja de Luiz Proto.
Passada uma semana, o negócio não prosperou. Embora hábil comerciante de sabão da terra, manga e cajarana, Maria Beca não conseguiu vender nenhum
dos seus novos produtos para os poucos vizinhos. No entanto, certa manhã, Carlos
Antônio chegou à casa da avó e surpreendentemente encontrou o primo com um dindin de manga na boca e outro de
graviola na mão:
- Beto, como você conseguiu esses dindin?
Carlos Roberto respondeu:
- Primo, eu disse a vovó que escutei no rádio que se o dindin ficar muito tempo vai apodrecer, inchar e
explodir o congelador da geladeira nova dela...
*
Referência à histórica hidrelétrica de Paulo Afonso.
**
picolé caseiro feito em saco plástico, conhecido em outras regiões do país como
geladinho, chope, sacolé...
Colaboração:
Carlos Roberto Almeida (Beto)
(Imagem
Google)
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