quinta-feira, 14 de março de 2013

731 - OS DINDINS DA VAZANTE





A chegada da energia elétrica permitiu o surgimento de novas iniciativas de negócios nos mais diversos cantos do país. No início da década de oitenta finalmente foi inaugurada a eletrificação da Vazante, pequena comunidade rural de Várzea Alegre, que à época contava com cerca de dez moradias.


Para completar a renda, a agricultora Maria Alves de Morais, conhecida como Maria Beca, antiga moradora do sítio Vazante, resolveu iniciar um novo empreendimento, só possível com a chegada da ansiada energia de Paulo Afonso*. A velha senhora produziu para a venda uma grande quantidade de dindin** de manga, tamarindo, cajá, goiaba e outros sabores, lotando o congelador de seu recém-adquirido eletrodoméstico.


Os meninos Carlos Roberto Almeida (Beto) e Carlos Antônio insistiram, mas não conseguiram provar os dindins da avó Maria Beca. A empreendedora vigiava pessoalmente o negócio e argumentava que aqueles produtos destinavam-se apenas para a venda, pois precisava pagar a prestação da geladeira na loja de Luiz Proto.


Passada uma semana, o negócio não prosperou. Embora hábil comerciante de sabão da terra, manga e cajarana, Maria Beca não conseguiu vender nenhum dos seus novos produtos para os poucos vizinhos. No entanto, certa manhã, Carlos Antônio chegou à casa da avó e surpreendentemente encontrou o primo com um dindin de manga na boca e outro de graviola na mão:


- Beto, como você conseguiu esses dindin?


Carlos Roberto respondeu:


- Primo, eu disse a vovó que escutei no rádio que se o dindin ficar muito tempo vai apodrecer, inchar e explodir o congelador da geladeira nova dela...



* Referência à histórica hidrelétrica de Paulo Afonso.

** picolé caseiro feito em saco plástico, conhecido em outras regiões do país como geladinho, chope, sacolé...

Colaboração: Carlos Roberto Almeida (Beto)

(Imagem Google)

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