Em uma tranquila e quente tarde da década
de setenta, em Várzea Alegre, na tradicional barbearia de Vicente Cesário,
situada na antiga Rua Major Joaquim Alves, apareceu um cliente pouco comum.
Tratava-se de um varzealegrense que morou poucos meses em São
Paulo mas voltou como se nascido e criado naquelas longínquas
terras bandeirantes.
Com forçado sotaque paulista,
vestindo extravagantes roupas adquiridas na breve estada pela progressista capital econômica
brasileira, o rapaz sentou-se na
surrada cadeira do barbeiro e disse:
- Mano, eu quero que dê um trato no meu cabelo
igual faço no São
Paulo...
O experiente barbeiro, com tesoura e pente nas mãos,
começou o serviço, só
ouvindo a conversa do falante rapaz:
- No Sul eu
só vou num salão lá da Ipiranga*. Num tem essa quentura daqui não. No verão é da hora, é tudo no ar
refrigerado...
E continuava abusando das gírias:
- Aqui é a maior queimação. Nem lava nem passa creme no cabelo da gente...
Essa ladainha foi até o final, com o rapaz
contando vantagens de sua rápida passagem por São Paulo. Concluído o
corte, enquanto Vicente guardava as tesouras e os pentes usados no trabalho, o
abusado cliente perguntou:
- E aí, meu? Quanto foi a parada?
O velho barbeiro, que ouvira calado as gabolices do
deslumbrado jovem, decidiu ir à forra, dizendo:
- Num vou cobrá caro não. Mim pague só o preço de São Paulo...
*
famosa rua do centro de São Paulo.
(Imagem
Google)
colaboração:
Paulo Danúbio Carvalho Costa
cabra besta esse logo com o experiente vicente cesario. foi boa demais eu acho q com uma dessa nunca mais ele pos os pes na velha e boa barbearia de vicente cesario. kkk
ResponderExcluir