segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

282 - AZAR NO JOGO




           Em certa época, funcionou na calçada alta da casa do talentoso artista Damião dos Bonecos, na rua 13 de Maio, uma concorrida mesa de baralho. Do “fó e bata” costumavam participar o próprio dono da casa, Antônio Ulisses, Chico Basil e José Faris Mota (Zé de Abel).

          No meio das partidas, Fransquinha, esposa de Damião, servia gentilmente aos jogadores xícaras de saboroso café “torrado no caco”. Ao receber a sua, antes de dar um primeiro gole, Antônio Ulisses olhava para o genial criador do “Casimiro Coco” e dizia:

         — Vixe...E é sem queijo?

        É óbvio que se tratava apenas de mais uma brincadeira para aperrear o também espirituoso dono da casa.

         Lá pelas tantas, ainda no mesmo jogo, Chico Basil fez um descarte e Zé de Abel, de imediato, vibrou, dizendo:

        — Eita Carta Boa!

         Decepcionado por haver entregue a carta esperada por seu adversário de jogo, o ferreiro retrucou com um maravilhoso repente:

         — Zé, carta boa é a que vem de São Paulo, com dinheiro da Volks.

         Mais adiante, ainda do decorrer da partida, o mesmo Zé de Abel, num dia de sorte, comentou:

         — Oh, armação grande!

         Mais uma vez, azarado no jogo, o ferreiro não mediu as palavras, e disse:

         — Zé, armação grande foi a de um jumento de lote que eu vi hoje de manhã na roça de Virgílio Moreno, no “Baixii” do Exu.

 
*extraído do livro Conte Essa, Conte Aquela - Histórias de Antônio Ulisses
Ilustração: Edricy França

Um comentário:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    A cada postagem vem um causo melhor e você ainda quer que escolhamos só os dez melhores para o livro..... Pense numa coisa difícl!!!!
    Quando eu crescer quero ser igual a você... Sou sua fã !!!!

    ResponderExcluir