quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

715 - ASSIS FILHO




Entre os meus inúmeros amigos de infância poucos desenvolveram habilidade para trabalhos manuais como Assis Filho, vizinho do Beco da Liberdade. Na alvenaria, pintura, carpintaria ou em qualquer outro oficio o garoto se saía como adulto.

Enquanto os carros com rolamento (rolimã) das outras crianças eram construídos simplesmente com uma tábua de madeira, Assis Filho, com o mesmo material, desenvolveu sozinho sua motocicleta, com guidon, freio e tudo mais.

Certa vez, na década de 70, Várzea Alegre recebeu um circo diferente das modestas companhias que vez ou outra visitava a cidade cearense. Nesses dias o espetáculo apresentado trazia muita pompa, luxo e novidades. Dentre as apresentações de maior sucesso destacou-se o impressionante Globo da Morte, onde em seu interior motoqueiros malucos guiavam perigosamente suas rápidas e barulhentas motocicletas.

Bastou Assis Filho assistir a uma apresentação do grande circo para rapidamente fazer o seu próprio Globo da Morte. Em lugar dos fortes metais do original, o garoto construiu o seu com sobras de fios de arames que seu pai usava para consertar as gaiolas de passarinhos.

Recentemente, ao reencontrar Assis Filho, hoje policial civil, casado e pai de três filhos, lembramos com alegria dessas e de outras passagens da nossa infância. E concluí que as habilidades daquele menino se justificavam por uma simples e determinante razão. Ele nasceu do querido casal Raimunda de Antõe José e Assis Pires, costureira e alfaiate de mão cheia. Até hoje, com mais de noventa anos, seu Assis cuida diariamente das suas gaiolas e dona Raimunda trabalha na sua inseparável máquina de costura.


(imagem Google)

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