quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

718 - PAU DE GALINHEIRO



 

No sertão nordestino, o tratamento para o pinto (filhote da galinha) fraco era simples e eficiente. Bastava colocá-lo embaixo de uma cuia e bater até a pequena ave recuperar as forças e ressuscitar.


Em uma quarta-feira de cinzas da década de 80, na cidade cearense de Várzea Alegre, após uma noite de muita folia, o jovem Julio Bastos Leandro chegou a sua casa pela manhã com um Pau de Galinheiro nos ombros. Ainda na porta, Delmir, sua preocupada mãe, perguntou:


- Julin, onde você arrumou tanta galinha? 


O folião, ainda sob o efeito da bebida consumida na madrugada, respondeu:


- Mãe, eu comprei lá no Calçadão* pra senhora fazer um caldo pra nós...


No fogão, Delmir já preparava para o almoço de cinzas uma panela com outra galinha caipira trazida do sítio Rosário. Após alguns minutos, Julin entrou na cozinha e disse: 


- Mãe, que barulho é esse? Por que a senhora batendo nessa cuia?


- Meu fi, tou tentado ver se essas galinha num morre, elas tão fracas, parece que tão cum gôgo**...


- Num adianta mais não, mãe. Eu já trouxe elas de pescoço puxado pra senhora num ter trabalho...




* Calçadão Antônio Alves Costa, área de lazer de Várzea Alegre.

** nome popular da Coriza Infecciosa, doença que acomete as galinhas.


(imagem Google)


Colaboração: Júlio Bastos Leandro

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