O bar de Nelzin,
situado no cruzamento da rodovia BR-230 com a Rua das Lavadeiras, em Várzea Alegre, desde a sua inauguração
sempre foi um ambiente bastante frequentado. A localização privilegiada e,
sobretudo, a gentileza do proprietário fazem do estabelecimento um agradável
ponto de encontro dos boêmios da cidade cearense.
Difícil é encerrar a farra e deixar o lugar, pois o
humilde Nelzin costuma indagar o
motivo da saída e insiste para que o freguês permaneça e tome mais algumas
doses.
Na década de 1980, no inicio de uma madrugada, Nelzin já se preparava para fechar o bar
quando foi vítima de um violento
roubo. Um grupo que passava pela rodovia federal parou no bar e agiu
inicialmente como cliente normal, bebendo bastante e pedindo varias porções de tira-gosto.
Ao final, quando recebiam a conta, os bandidos sacaram armas de fogo e, mediante
violência e ameaça de morte aos presentes, esvaziaram a gaveta do botequim.
O inusitado crime ganhou enorme repercussão na pacata
cidade. Porém, passado o susto, o ferreiro aposentado Chico Basil e o corretor de algodão Antônio Ulisses, inseparável dupla
de contadores de histórias, criaram uma versão diferente para o
roubo.
Disseram que, depois de lesionar os presentes com
coronhadas, pisar sobre o rendido Nelzin e subtrair todo o apurado, os perversos
clientes deixavam o local quando foram surpreendidos pelo gentil proprietário
do bar:
- E o que é que foi? Por que é que vocês já vão? Demorem
mais um poquin...
Não bastasse, os dois brincalhões ainda inventaram que,
cerca de meia hora após o delito, os bandidos voltaram e bateram à porta do
estabelecimento. Ao abrir, Nelzin,
ainda atordoado com os golpes anteriores, tomou mais uma coronhada na cabeça e
o chefe dos bandidos, citando o nome de um inveterado velhaco da cidade,
gritou:
- Essa é pra você aprender a nunca mais receber cheque
de fulano...
Colaboração:
José Macedo de Santana
(Imagem
Google)
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