A vida tranquila do interior permite comportamentos
impossíveis de se repetir nos grandes centros urbanos. Pela rotina, nas
pequenas cidades, os moradores mais atentos facilmente percebem uma
movimentação diferente ou uma atitude incomum.
Em mais uma manhã do inicio da década de oitenta, em Várzea
Alegre, sertão cearense, os amigos Antônio Ulisses, José Macedo, Chico Basil, Cezar Costa e Tércio Costa bebiam
na calcada do Bar de Jonas Morais. Em vários momentos do animado encontro, o
corretor de algodão Antônio Ulisses interrompia o divertido assunto em pauta e
indagava a Chico Basil:
- Chico, quantas já?
O ferreiro aposentado, sem pestanejar, respondia:
- Na mīa conta
já vai em três...
A contagem prosseguiu até que pela quinta vez, o
executivo do grupo Edson Queiroz, José Macedo, em férias por Várzea alegre, não
controlou a curiosidade e indagou ao velho ferreiro:
- Peba véi*, que
conta é essa que vocês tanto fazem?
O ferreiro Chico Basil,
apontando para José Saraiva da Cruz, policial militar da reserva, que, a passos
largos e arrumando os óculos no rosto, caminhava pela Rua dos Perus,
explicou:
- Tá veno ali.
Toda vez que dá vontade de bebê uma
cana, Saraiva tem o trabai de fechá o
bar dele no Calçadão e vai tumá uma
lá no bar de Nelzin. É o dia todin. Pode anotá. Cada vez que passa subino
aqui é uma dose...
* apelido
atribuído por Antônio Ulisses a Chico Basil
Colaboração:
José Macedo de Santana
(Imagem
Google)
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