segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

723 - CONTANDO NOS DEDOS




 
A vida tranquila do interior permite comportamentos impossíveis de se repetir nos grandes centros urbanos. Pela rotina, nas pequenas cidades, os moradores mais atentos facilmente percebem uma movimentação diferente ou uma atitude incomum.

Em mais uma manhã do inicio da década de oitenta, em Várzea Alegre, sertão cearense, os amigos Antônio Ulisses, José Macedo, Chico Basil, Cezar Costa e Tércio Costa bebiam na calcada do Bar de Jonas Morais. Em vários momentos do animado encontro, o corretor de algodão Antônio Ulisses interrompia o divertido assunto em pauta e indagava a Chico Basil:

- Chico, quantas já?

O ferreiro aposentado, sem pestanejar, respondia:

- Na mīa conta já vai em três...

A contagem prosseguiu até que pela quinta vez, o executivo do grupo Edson Queiroz, José Macedo, em férias por Várzea alegre, não controlou a curiosidade e indagou ao velho ferreiro:

- Peba véi*, que conta é essa que vocês tanto fazem?

O ferreiro Chico Basil, apontando para José Saraiva da Cruz, policial militar da reserva, que, a passos largos e arrumando os óculos no rosto, caminhava pela Rua dos Perus, explicou:

- Tá veno ali. Toda vez que dá vontade de bebê uma cana, Saraiva tem o trabai de fechá o bar dele no Calçadão e vai tumá uma lá no bar de Nelzin. É o dia todin. Pode anotá. Cada vez que passa subino aqui é uma dose...


* apelido atribuído por Antônio Ulisses a Chico Basil
Colaboração: José Macedo de Santana
(Imagem Google)

Nenhum comentário:

Postar um comentário