Cabe lembrar que se vivia um dos auges do militarismo no Brasil. Naquele período, o país era sucessivamente presidido por generais, de modo que pertencer a qualquer das forças armadas representava um enorme destaque na sociedade.
Nessa época, depois de algum tempo na caserna, Antônio Ulisses foi escalado para tirar serviço como sentinela na residência oficial do Comandante-Geral da 10ª Região Militar, em Fortaleza.
Sua tarefa, bem mais fácil que as desempenhadas no interior do quartel-general, era vigiar uma bela mansão localizada na Aldeota. Na enorme casa, viviam apenas o general, a esposa, e uma bela filha do graduado militar.
Mesmo para os soldados que desempenhavam suas tarefas na residência era difícil ver mais detidamente a linda filha do Comandante, pois a moça passava o dia no interior da casa. Nas raras saídas, era acompanhada do seu pai, e, temendo possíveis punições, os soldados não se atreviam a olhar para aquela jovem.
Certa tarde, quando Antônio Ulisses cumpria seu mister no portão de entrada da mansão, a moça, por várias vezes, apareceu na janela da casa e dirigiu o olhar em direção à guarita onde estava o Sd Costa Filho. Toda vez que a moça surgia, o coração de Antônio Ulisses batia forte, pois sentia que a jovem estava lhe paquerando.
Os colegas de farda não iriam acreditar quando soubessem que ele em breve namoraria a cobiçada filha do Comandante. Por um instante, sonhou entrar naquela mansão de braços dados com a linda moça. Seu conseqüente casamento com a donzela, além de preencher seu coração, abriria as portas para uma promissora carreira militar. Logo deixaria a difícil vida de praça e alcançaria o cobiçado oficialato. Por várias horas aquela agradável fantasia habitou a mente do jovem militar, até porque a moça continuou a olhar em direção à frente da residência-oficial.
No entanto, de repente, chamou a atenção o barulho de um avião que sobrevoava a cidade. Não demorou, em frente à residência, estacionou um táxi trazendo um jovem rapaz vestindo galante uniforme azul da Aeronáutica. Infelizmente, o elegante oficial que desembarcava era o namorado da filha do General. A moça, ansiosa, não aguardou a entrada da sua paixão. Veio correndo do interior da residência e, chamando-o de meu amor, se jogou nos braços do rapaz.
A romântica cena aconteceu a poucos metros da guarita e diante dos olhos frustrados do nosso humilde soldado. O castelo de sonhos construído naquela tarde desabou completamente.
*extraído do livro "Conte Essa, Conte Aquela - Histórias de Antônio Ulisses
(imagem google)
Sabe soldado Costa Filho, já ri muito de suas histórias, mas confesso que essa me causou uma certa tristeza... Uma desilusão amorosa cair em terra junto com nosso castelo de sonhos, é uma dor que dói prá danar.....
ResponderExcluirPor isso que a donzela olhava tanto pra janela!!!!!!!
ResponderExcluirCoitado do Soldado...
Sonhar às vezes custa muito caro e ele pagou um preço alto, a desilusão!