quinta-feira, 13 de setembro de 2012

651 - TELEFONEMA INDISCRETO




Em um começo de noite da década de setenta, um conhecido comerciante foi chamado ao posto telefônico de Várzea Alegre, localizado ao lado da Prefeitura Municipal, na antiga Rua Major Joaquim Alves. Naquela época, quando recebiam ligações interurbanas, os moradores eram procurados em suas residências para irem atender o telefonema na cabine pública.  
   
Há alguns dias a querida esposa daquele comerciante estava em Fortaleza, em convalescença após se submeter a uma sensível e delicada cirurgia de hemorróida e ligara para dar notícias. Ao chegar ao posto, de dentro da cabine telefônica, estourando os pulmões ao falar, o indiscreto marido, perguntou:

- Mia fia, me diga aí como o anel de sola? Já tá dando pra ir na cintrina?

Antes que a mulher respondesse, o esposo, falando ainda mais alto, sem se preocupar com outras pessoas ouvindo a íntima conversa, com sutileza de fazer inveja ao Coronel Jesuíno*, continuou:  

- Me diga, muié, já dá pra levantar a perna pra recebê uma foiçada**?


* rude personagem de Gabriela, novela baseada na obra de Jorge Amado.
** palavra que significa golpe de foice, mas que ganhou conotação sexual na fala do varzealegrense.
(imagem google)

Nenhum comentário:

Postar um comentário