quarta-feira, 26 de setembro de 2012

656 - A SANGRIA DA CAIXA D'ÁGUA




Em uma rápida visita a Porto Velho, capital do promissor Estado de Rondônia, reservei um tempo para conhecer alguns lugares marcantes da cidade. Nas margens do grandioso rio, vi a velha locomotiva da ferrovia Madeira-Mamoré. Ali perto também encontrei as três caixas d’água, um dos símbolos cultuados pelo Município.

Vendo os centenários reservatórios rondonenses, lembrei-me da infância e da enorme caixa d’água de Várzea Alegre, sertão cearense, construída no Alto da Prefeitura, bem próximo à minha residência.

Na década de setenta, quando a caixa enchia e sangrava, causava enorme movimento entre moradores das proximidades. Enquanto as mulheres aproveitavam pra guardar um pouco do líquido precioso que vazava, carregando para suas casas latas cheias d´água na cabeça, meninos e meninas tomavam banho e se divertiam.

Pena que a velha e alta caixa d’água funcionou por pouco tempo e não mais embala as brincadeiras das crianças nem enchem os potes e reservatórios das casas. Mas eu, ainda hoje, ouço o estrondoso barulho da água caindo e as palavras dos meus amigos de infância gritando da calçada:

- Rumbora, Flavin. Corrre pra gente espiá a caixa d´água emborrotano*.

* esborrotar, segundo o dicionário informal, é usado na acepção popular de transbordar, isto é, verter um líquido sobre as bordas de um recipiente quando muito cheio, também tem o significado de derramar.

(imagem Google)

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