Em
uma rápida visita a Porto Velho, capital do promissor Estado de Rondônia, reservei
um tempo para conhecer alguns lugares marcantes da cidade. Nas margens do
grandioso rio, vi a velha locomotiva da ferrovia Madeira-Mamoré. Ali perto
também encontrei as três caixas d’água, um dos símbolos cultuados pelo Município.
Vendo
os centenários reservatórios rondonenses, lembrei-me da infância e da enorme caixa
d’água de Várzea Alegre, sertão cearense, construída no Alto da Prefeitura, bem próximo à minha
residência.
Na década
de setenta, quando a caixa enchia e sangrava, causava enorme movimento entre
moradores das proximidades. Enquanto as mulheres aproveitavam pra guardar um
pouco do líquido precioso que vazava, carregando para suas casas latas cheias d´água
na cabeça, meninos e meninas tomavam banho e se divertiam.
Pena
que a velha e alta caixa d’água funcionou por pouco tempo e não mais embala as brincadeiras
das crianças nem enchem os potes e reservatórios das casas. Mas eu, ainda hoje,
ouço o estrondoso barulho da água caindo e as palavras dos meus amigos de infância gritando
da calçada:
- Rumbora, Flavin. Corrre pra gente espiá
a caixa d´água emborrotano*.
* esborrotar, segundo o
dicionário informal, é usado na acepção popular de transbordar, isto é, verter
um líquido sobre as bordas de um recipiente quando muito cheio, também tem o
significado de derramar.
(imagem Google)
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