443 - O PULO DE JOÃO

O Clube Recreativo (CREVA)  e o Recreio Social  ofereceram para várias gerações de Várzea Alegre momentos de lazer e alegria. 

Infelizmente, muitos moradores da pobre  cidade cearense permaneciam fora dos eventos por não possuirem condições para custear o valor da entrada. Alguns preferiam aguardar o momento da abertura dos portões(hora do miserável) e outros mais ousados se arriscavam pulando o muro dos locais das  festas.

Certa noite de sábado, na década de oitenta, Raimundo Alves Bezerra, conhecido como João Sem Braço, sem sequer passar pela frente do CREVA, mais uma vez resolveu  ingressar furtivamente em um concorrido forró. Mesmo com a falta do membro superior, o jovem, com muita agilidade e experiência, transpôs o alto muro. Porém,  ao pular pra dentro do clube, com a calça suja de lama e repleta de carrapichos, deparou-se com o vigia de apelido Cigano. Desconcertado com o flagrante, João levantou o único braço e se justificou:

- Pode deixar Cigano, num precisa me botar pra fora não. Eu pulo de volta.

O antigo funcionário do CREVA segurou com força o jovem pela camisa e disse:

- Carece não, João Sem Braço. O forró hoje é de grátis, hômi. 

Colaboração: Paulo Danúbio Carvalho Costa

(imagem Google)