O
poeta modernista Manoel Bandeira cantou em seu versos que “A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros/ Vinha da boca do
povo na língua errada do povo/ Língua certa do povo/ Porque ele é que fala
gostoso o português do Brasil/ Ao passo que nós/ O que fazemos/ É macaquear/ A
sintaxe lusíada”.
Ouvindo interessantes conversas entre moradores mais antigos, especialmente da minha querida
cidade natal, descubro a variedade das expressões
populares e a riqueza e originalidade da nossa língua.
Certo
dia, na década de setenta, na à época isolada Várzea Alegre, Dirceu de Carvalho
Pimpim, próspero usineiro de algodão e comerciante, recebeu em seu escritório
um antigo cliente. No encontro, o velho coronel ouviu o amigo elogiar a cria:
-
Seu Diceu, eu tou muito pabo* com meu fii. Ele “pelejou que só”
e hoje tá muito bem.
Porém, no decorrer da prosa, o cliente não esclareceu qual a
profissão do filho. Assim, já curioso por saber qual negócio tocado pelo bem-sucedido
jovem, o coronel Dirceu, com seu modo de falar original, batendo os beiços, indagou ao amigo?
- Apois me diga o que ele tange**??
* palavra muito usada no Ceará
que, segundo o dicionário informal, define a
pessoa que está lisonjeada, se
sentindo muito bem em relação a uma determinada situação.
** flexão do verbo tanger, que
entre os significados estão tocar,
açoitar, fustigar (animais para que andem ou fujam).
(imagem Google)
Esse blog é tudo de bom!
ResponderExcluirUm abraço, menino.
E se te mandares puxar o sepo, o que dirias, tchê?? KKKKKK Adoro essa diversidade linguística!
ResponderExcluir