domingo, 28 de agosto de 2011

459 - A LÍNGUA MÃE




O poeta modernista Manoel Bandeira cantou em seu versos que “A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros/ Vinha da boca do povo na língua errada do povo/ Língua certa do povo/ Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil/ Ao passo que nós/ O que fazemos/ É macaquear/ A sintaxe lusíada”.

Ouvindo interessantes conversas entre moradores mais antigos, especialmente da minha querida cidade natal, descubro a variedade das expressões populares e a riqueza e originalidade da nossa língua.

Certo dia, na década de setenta, na à época isolada Várzea Alegre, Dirceu de Carvalho Pimpim, próspero usineiro de algodão e comerciante, recebeu em seu escritório um antigo cliente. No encontro, o velho coronel ouviu o amigo elogiar a cria:

- Seu Diceu, eu tou muito pabo* com meu fii. Ele “pelejou que só” e hoje muito bem.

         Porém, no decorrer da prosa, o cliente não esclareceu qual a profissão do filho. Assim, já curioso por saber qual negócio tocado pelo bem-sucedido jovem, o coronel Dirceu, com seu modo de falar original, batendo os beiços, indagou ao amigo?

- Apois me diga o que ele tange**??


* palavra muito usada no Ceará que, segundo o dicionário informal, define a 
pessoa que está lisonjeada, se sentindo muito bem em relação a uma determinada situação.
** flexão do verbo tanger, que entre os significados estão tocar, açoitar, fustigar (animais para que andem ou fujam).
(imagem Google)

2 comentários:

  1. Esse blog é tudo de bom!
    Um abraço, menino.

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  2. E se te mandares puxar o sepo, o que dirias, tchê?? KKKKKK Adoro essa diversidade linguística!

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