Nos
últimos dias de agosto, na festa em homenagem ao padroeiro São Raimundo Nonato,
a cidade de Várzea Alegre recebe inúmeros visitantes, com destaque para os filhos da terra que encontraram oportunidades de trabalho em outros lugares do mundo.
No
período religioso e festivo, os migrantes varzealegrenses que vivem em São
Paulo se sobressaem entre os que procuram a pequena e acolhedora cidade. Sempre bem humorados,
cordiais e falantes, ali tratados carinhosamente como “paulistas”,
esses visitantes prestigiam e marcam a animada Festa de Agosto.
No
início da década de oitenta, em um fim de tarde, em plena festa do padroeiro, o
corretor de algodão Antônio Ulisses e o agricultor Gilson Primo bebiam no Bar
de Maria Araripe quando chegou e se sentou à mesa um varzealegrense há muitos anos radicado em
São Paulo. Após demorada e animada conversa, regada com muita cerveja e saborosos
tiragostos encomendados no bar de Toinha
Bo’água, o paulista não permitiu
que os amigos mexessem no bolso. Emocionado com o prazeroso e divertido
encontro, o desprendido visitante arcou sozinho com a despesa e ainda convidou
os conterrâneos para juntos descerem para as barracas armadas na antiga Avenida Getúlio
Vargas, atual Luiz Afonso Diniz.
Porém
Gilson e Antônio Ulisses dispensaram a companhia do paulista, pois combinaram fazer parte da
comitiva do amigo e deputado estadual Nilo Sérgio, com quem horas depois seguiram para
o animado arraial.
Durante
a noite, acompanhados do popular e simpático político, os dois beberam e
comeram bastante, demorando um pouco em cada barraca armada na rua. Na hora de
pagar a conta, Nilo Sérgio chamava Gilson em um canto e falava:
-
Gilson, vá pagando aí porque eu não posso por
a mão no bolso não. Pessoal vai me aperrear por dinheiro...
Na
terceira barraca, quando Nilo fez novo sinal para que Gilson pagasse mais uma despesa
da grande turma, o agricultor olhou para o amigo corretor de algodão e, com seu
jeito pausado e cômico de falar, sugeriu:
- Ontôi, bora atrás do paulista
que tem mais futuro...
Colaboração: Dirceu Carvalho
Feitosa Costa
(imagem Google)
Quando li "o popular e simpático político" já fui pensado: não pode ser o mesmo político do qual ouvi falar da falta de popularidade!
ResponderExcluirQuanta pobreza! Eu seguiria com o "paulista"!
kkkkkkkkkkk...
ResponderExcluirQuando era mais novo essa época, "festa de agosto", não era das melhores, pois as paqueras daquele tempo só tinham olhos para os "paulistas".