terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

549 - A NAVALHA DE VICENTE CESÁRIO




Nas últimas décadas a vigilância sanitária lançou importantes campanhas alertando que os instrumentos utilizados nos salões de beleza e nas barbearias, se não forem devidamente esterilizados, podem se tornar meios de transmissão de doenças como a hepatite. Um grande avanço, pois antigamente as informações não chegavam aos profissionais, especialmente nas localidades mais distantes e isoladas do país.

Na segunda metade do século passado, um varzealegrense que migrara para São Paulo voltou à querida cidade natal para o período da festa do padroeiro São Raimundo Nonato. Buscando se preparar para os eventos religiosos e festivos da pequena cidade cearense, o paulista se dirigiu a uma tradicional barbearia, onde Vicente Cesário acabava  de cortar o cabelo e fazer a barba de outro cliente.

O recém chegado se sentou imediatamente na cadeira. O velho barbeiro  aplicou pinceladas de espuma no rosto do paulista e se aproximou de um balcão para amolar a navalha usada na barba do cliente anterior. Dentro do estabelecimento ouvia-se o forte barulho da lâmina em fricção com a madeira:

- lapo, lapo, lapo...

 Terminada a barulhenta afiação, o barbeiro Vicente Cesário virou-se com a navalha na mão. O cliente, com carregado e misturado sotaque, mesmo com o rosto repleto de espuma, perguntou:

- Que isso, meu ? Num vai nem passar um alcoolzin na navaia para matar os germe e os micróbio?

O velho barbeiro, com seu jeito rude e sua conhecida espirituosidade, já se posicionando para iniciar o serviço, retrucou:

- Oh caba besta. Tem lá micróbrio que aguente umas lapada daquela na cabeça.

Colaboração: Robson Frutuoso Bezerra
(imagem Google)

4 comentários:

  1. Flavim, Vicente deixou saudades ao povo descontraido de VA.

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  2. Flavim, parabéns pelo blog. As historias do seu Vicente..kkk são muitas vc sabe.
    Bj

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    1. Querida Jiordana...
      Eu adoro as histórias do seu pai. Com respostas simples e inteligentes.
      O blog só existe graças a pessoas como seu Vicente Cesário.
      Grande abraço.

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