terça-feira, 7 de junho de 2011

402 - A CABEÇA DA LAGARTIXA (Pedra de Clarianã há dois anos)



         Dona Balbina Meneses Diniz, vizinha da rua Duque de Caxias, apreciava a boa conversa com Antônio Alves da Costa e Maria Amélia Gonçalves Costa, pais de Antônio Ulisses. Numa das constantes visitas à residência do primo Antônio Costa, situada na rua Duque de Caxias, na pacata Várzea Alegre, onde hoje funciona o estabelecimento “O Boticário”, Dona Balbina presenciou um interessante fato que permaneceu até hoje em sua aguçada memória. Tal cena, acontecida quando o garoto Antônio Ulisses contava com menos de três anos de idade, já revelou a graça, desenvoltura e apetite que marcaram a existência do nosso personagem.

           Oriundo de uma típica e numerosa família do interior cearense, formada por treze filhos, desde o nascimento, Antônio Ulisses recebeu cuidados de Lucíola, uma de suas irmãs mais velhas. Entre as suas incumbências, mesmo bem jovem, estava a responsabilidade de alimentar o menino.

            Conta dona Balbina que, em um desses dias, Lucíola preparava a refeição desfiando uns pedacinhos de carne para facilitar a mastigação do garoto. Sem perceber o olhar vigilante do pequeno, a irmã comeu um pedaço da carne. Ao ver a irmã provando um pouquinho da sua refeição, Antônio Ulisses iniciou um incontido choro. A jeitosa Lucíola, tentando acalmá-lo, disse que não era carne que tinha na boca, mas a cabeça de uma lagartixa que havia caído no prato.

            O já insaciável garoto, mesmo com a rápida e inteligente desculpa criada pela irmã, gritou, inconformado:

             — Eu quero comer a cabeça da lagartixa.


* extraído do livro "Conte Essa, Conte Aquela - Histórias de Antônio Ulisses.

(imagem Google)

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