Nascido no pequeno distrito de São José, município cearense de Lavras da Mangabeira, Manoel Gonçalves de Lemos se formou em medicina na cidade de Salvador em 1945. Com o dificultoso diploma na mão, decidiu clinicar em Várzea Alegre, bem próximo de sua terra natal.
Por mais de quatro décadas doutor Lemos exerceu sua atividade na Terra do Arroz e localidades vizinhas. Na época eram raros os profissionais de saúde. Nem se imaginava o atual programa Saúde da Família, com visitas rotineiras de equipes médicas às residências. No meio do século passado, para atender pacientes nas regiões mais distantes, os deslocamentos eram realizados no lombo do cavalo.
Certo dia, no final da tarde de um domingo, o médico e poeta passava por uma região isolada da zona rural quando foi chamado para atender um cidadão que sofria no fundo de uma rede com fortes dores. Naquele dia, não realizava atendimento, por isso Doutor Lemos fora apanhado sem seus instrumentos normais de trabalho, inclusive sem o bloco de receitas.
Após examinar o doente, para anotar o nome dos remédios e a indicação das doses e horário para aplicação, o médico pediu aos proprietários da humilde casa um lápis e um pedaço de papel. Como não foram encontrados esses objetos, o médico apanhou um pedaço de carvão no fogão à lenha e anotou os nomes dos medicamentos e a posologia na face interna da janela de cedro da residência.
Antes de sair, o médico orientou o dono da casa a passar para um papel as anotações e providenciar com urgência a aquisição dos medicamentos.
Logo cedo do dia seguinte, na sede do Município de Várzea Alegre, na sua conhecida Farmácia Confiança, o comerciante João Pimpim se surpreendeu com a chegada de um cliente trazendo uma grande janela na cabeça.
- O senhor tem os remédio dessa receita, seu João Pimpim? – perguntou o suado cliente apontando para a pesada janela já largada sobre o balcão da farmácia.
Colaboração: Hudson Batista Rolim
(imagemGoogle)
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