O clima semi-árido aumenta bastante as dificuldades e sacrifícios atravessados pelo valente povo do nordeste brasileiro. No entanto, a falta das chuvas não endurece o coração do sertanejo. Ao contrário, dia após dia, suas histórias dão lições de fraternidade, amizade e companheirismo.
O agricultor Zé de Hemínia foi um desses humildes nordestinos com inesgotável capacidade de colaboração. Todo enterro que passava vindo do distrito do Juazeirin em direção à sede do município de Várzea Alegre, Zé fazia questão de ajudar. E naquela época o corpo era transportado em uma rede segura por um pau e carregada por dois fortes homens.
Em um dia muito quente do mês de setembro, Zé de Hermínia viu passar um pequeno cortejo trazendo na rede mais um defunto. Sem sequer saber o nome do falecido enrolado ao lençol, logo se prontificou a ajudar. Pôs no ombro uma das pontas do pau e, como eram poucos os ajudantes, não alternou com ninguém o seu lado da rede.
Depois de cerca de três léguas de penosa caminhada, quando o enterro já ia passando em frente à matriz da Igreja de São Raimundo Nonato, o suado e fatigado Zé de Hermínia perguntou:
- Pera aí, o defunto não vai entrar na Igreja mode padre Otávio benzer não?
Com ar de perplexidade, um dos ajudantes do cortejo respondeu:
- Vixe, Zé, né um defunto que nós tamo carregando não. É uma máquina de costura pra mode seu João Alves consertar.
Colaboração: Elias Frutuoso
(imagem Google)
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