sábado, 18 de junho de 2011

411 - PROMOVIDO NO BAR


          Cheguei ao Amapá no início de 1991 e após advogar em escritório particular, em 1995 fui nomeado para exercer o cargo de Corregedor da Defensoria Pública do Estado. O ingresso naquela importante instituição marcou minha vida e oportunizou um formidável salto na minha iniciante carreira profissional.

          Cumprindo umas das incumbências do cargo, assinava as portarias de designações dos defensores para atuar nas comarcas interioranas. Como sempre fazia com registros importantes da minha vida, separei um exemplar do Diário Oficial do Estado com a publicação de vários desses atos e enviei pelo correio para o meu velho pai, em Várzea Alegre. Pois, na sua bodega, ele sempre manteve uma pasta com vários documentos marcantes dos filhos.

         Meses depois, em férias, voltei à minha querida cidade natal. Em uma manhã de sábado, passava pelo movimentado Calçadão Antônio Alves Costa, no centro do pequeno e simpático município, quando encontrei meu querido tio e padrinho de crisma Antônio Ulisses, que, no Bar de Saraiva, bebia com um grupo de amigos e agricultores. Após os cumprimentos iniciais, um dos presentes indagou:

          - Quem é esse minino, Antôi?

          - É dotô Flavin, fii de Terezinha minha irmã. Ele mora lá pelas banda da Amazônia. – respondeu meu simpático e conversador tio.

          - Antôi, e o que é que esse minino faz praquelas banda? – insistiu o velho agricultor.

           - Se eu dissé o que esse meu sobrin faz lá você num vai acreditá. - disse o corretor de algodão.

          - Apois diga, Antôi. – completou o curioso homem da roça.

          - Faz de conta que ele trabaia lá em Fortaleza. Ele fica de lá só mandano. Juiz fulano de tal vai pro Crato. Juiz Sicrano, pra Sobral. Juiz Beltrano, pra Orós...

           Eu, sem coragem para consertar, observei o orgulho com que meu tio contava a história e me promovia ao destacado cargo de Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça. Sob o olhar dos boquiabertos amigos, meu tio desafiou:

          - E se num tivé acreditano vá lá na budega que o pai dele mostra os papel...

(imagem Google)

5 comentários:

  1. Estas suas estórias são maravilhosas!

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  2. Vc não tava nem doido de fazer uma disfeita dessas com seu tio...rssss.

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  3. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk,pai tinha muito orgulho do sobrinho.lembro q quando tio luiz disse a ele q flavim tinha passado no concurso para delegado pai disse:luiz e é de revolver e tudo?kkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  4. Imagino o tamanho do orgulho do pai desse minino...rsrs.

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