domingo, 15 de janeiro de 2012

527 - O PRIMEIRO PAU DE ARARA




Neste mês de janeiro de 2012 voltei à minha querida Várzea Alegre e reencontrei no banco do calçadão Antônio Alves Costa o ferreiro aposentado Francisco Basil de Oliveira. Ouvia as divertidas histórias do velho ferreiro quando ali chegou Zé de Elias, já perguntando:

- Flavin, você mora longe, ? São quantos dia pra chegar aqui?

Logo que respondi ao também aposentado  Zé de Elias, Chico Basil lembrou de sua primeira viagem a São Paulo, em 1951. O ferreiro recordou que o longo e difícil percurso de mais de três mil quilômetros entre o árido sertão cearense e sul maravilha só foi vencido após quinze dias.

Chico contou que o velho caminhão já deixou Várzea Alegre lotado. Mesmo assim, em Petrolina, nas margens pernambucana do rio São Francisco, o motorista providenciou duas tábuas no final da carrocerria do veículo para acomodar mais dez passageiros.

Na Bahia, na estrada de chão batido, o motorista desceu da boléia e falou:

- Se toda hora nós pará o camião  pra esses minino cagar nós num vamo chegar nunca no São Paulo.

Segundo o velho ferreiro, a partir de então, sempre que uma das várias crianças sofria com alguma crise de desinteria, a mãe pendurava o garoto no lado do caminhão em movimento  para que o vento lavasse e levasse o cocô do garoto.

Finalmente, após duas semanas, o velho caminhão chegou a São Paulo. Chico, que desde Petrolina viajara nas últimas tábuas da carroceria, ao descer do veículo, passou a unha no braço e disse:

- Vai ser preciso descascar eu para pra mode arrancar a casca de poeira e merda dos minino.    


(imagem Google)

Um comentário:

  1. A pedra começou 2012 muito bem. A cada dia um lustre novo. Eita botija boa!
    Assis Costa

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